A criança é um campo fértil para a criatividade e a imaginação. Por isso, é preciso estimulá-la a se expressar do seu jeito, sem preocupação com a estética. Porém, os adultos, muitas vezes sem intenção, subestimam esse potencial, sufocando e colocando sua expressão artística-criativa em um molde. Por adultos, incluímos família, instituições de ensino e sociedade. Em muitas escolas, o programa é pautado na reprodução sistematizada.
O fato é que a arte não acontece isoladamente na infância, quanto mais exposição às diversas formas de arte, como: dançar, pintar, desenhar, cantar e dramatizar, mais rico será o desenvolvimento da criança.
Enfim, são várias funções da arte nesse desenvolvimento: controle corporal, coordenação, motricidade, equilíbrio, sentir, ver, ouvir, pensar, falar e ter segurança. Vou explorar alguns deles.
- Coordenação motora – motricidade fina
A prática do desenho, pintura, modelagem beneficia o desenvolvimento da coordenação motora fina, ou seja, a capacidade de executar movimentos de precisão (manipulação de objetos, utilização de ferramentas etc.)
- Coordenação motora – motricidade grossa
A dança e o teatro contribuem para a construção do controle corporal (postura, equilíbrio etc.)
- Escrita
Ao rabiscar, a criança treina sua habilidade com o lápis e canetas, a qual será́ necessária no momento da escrita. Quando utilizar lápis de cor, canetas de colorir, gizes de cera, pincéis e até os dedos para desenhar e pintar, os movimentos que ela faz com as mãos serão fundamentais em sua alfabetização.
- Emoções
Através da arte, a criança expressa seus sentimentos e emoções, primeiro rabiscando, depois desenhando, pintando, cantando e dançando. A escolha das cores, o estilo dos traços ou pinceladas e o que desenha/pinta: tudo revela o que se passa em sua mente e não é capaz de verbalizar.
- Criatividade
A arte facilita o despertar da criatividade. A partir de um rabisco, as possibilidades de criação são inúmeras. Quando pedimos para explicar seus desenhos, ela pratica a criatividade através da fala, o storytelling.
Para garantir oportunidades para a expressão viva da criança, precisamos considerar que “expressar não é responder a uma solicitação de alguém, mas mobilizar os sentidos em torno de algo significativo, dando uma outra forma ao percebido e vivido” (CUNHA, 1999), o que também é diferente de simplesmente “deixar fazer”, acreditando na chamada “livre expressão”. Para mobilizar os sentidos, é essencial enriquecer as experiências, promovendo encontros com diferentes linguagens, alimentando a imaginação para que a criança possa extrapolar o padrão, à procura da sua própria voz. (OSTETTO, 2010).