A Diversidade e a Paciência

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Apesar de todos nós termos o mesmo equipamento refinado: o cérebro, nós não o utilizamos da mesma forma. Cada um absorve, enxerga, interpreta o mundo de uma maneira específica. Por isso, é necessário ter consciência dessas diferenças para compreender o que agrada a nossos amigos, pares, gestores, liderados e família e também o que os frustra.

Para ajudar neste processo de conscientização, o primeiro recurso é a empatia, pois ela nos permite ver o outro como ele realmente é, com todas as suas qualidades exclusivas, em vez de tentar transformá-lo em alguém diferente. Isso porque nós gastamos muita energia, tentando fazer com que os outros sejam do nosso jeito. 

O segundo recurso é a paciência. Sem ela, não podemos aprender as lições que a vida tem para nos ensinar e, consequentemente, não amadurecemos. Permanecemos, então, naquele estágio de crianças irritadas que não conseguem adiar o prazer.

Quando exercitamos a paciência, não deixamos ser dominados por nossas emoções, temos autonomia para escolher como reagir aos acontecimentos, principalmente os que geram insatisfação. A impaciência é um hábito, sendo assim, a paciência também. Não quero dizer aqui que temos de “engolir sapos” a vida inteira, mas há muitas situações nas quais nos deixamos levar pela negatividade do outro e pelo nosso ego. Quanto mais soubermos desviar dos golpes da vida e tolerar as peculiaridades das outras pessoas, menos estresse e frustração experimentaremos, porque “a nossa biografia se torna a nossa biologia”, como disse Caroline Myss. 

A impaciência está retratada neste trecho do livro “Zorba – o Grego” de Nikos Kasanuzakis

“Lembrei-me de uma manhã em que encontrei um casulo preso à casca de uma árvore, no momento em que a borboleta rompia o invólucro e se preparava para sair. Esperei algum tempo, mas estava com pressa e ele demorava muito. Enervado, debrucei-me e comecei a esquentá-lo com meu sopro. Eu o esquentava, impaciente, e o milagre começou a desfiar, diante de mim, em ritmo mais rápido que o natural, abriu-se o invólucro e a borboleta saiu arrastando-se. Não esquecerei jamais o horror que tive então: suas asas ainda não se haviam formado, e com todo o seu pequeno corpo trêmulo, ela se esforçava para desdobrá-las. Debruçado sobre ela, eu ajudava com meu sopro. Em vão. Um paciente amadurecimento era necessário, e o crescimento das asas se devia fazer lentamente ao sol; agora era muito tarde. Meu sopro havia obrigado a borboleta a se mostrar, toda enrugada, antes do tempo. Ela se agitou, desesperada, e alguns segundos depois morreu na palma de minha mão.”

A impaciência mina o que temos de bom. Já a paciência nos permite a auto-percepção das qualidades e defeitos, sob todas as formas, e  a percepção pelos outros do que existe de melhor em nós. Na verdade, a nossa imagem é um reflexo externo de parte do que existe internamente em nós. Esse reflexo é moldado, em especial, pelos seguintes aspectos:

  • Tratamento que damos às outras pessoas
  • Conhecimento/ repertório
  • Aparência
  • Comunicação verbal e não-verbal

Se você não sabe direito como agir para preservar bons relacionamentos, a lista abaixo traz alguns comportamentos um tanto óbvios, mas não tão simples de serem colocados em prática:

  • Não levar tudo para o lado pessoal
  • Não fazer suposições
  • Entender que muitas das coisas que não nos agradam nos outros representam traços nossos de que não gostamos. Temos de identificar o que nos deixa impacientes e tratá-lo como nosso grande mestre, como nossa grande oportunidade de aprendizado.
  • Ter paciência, pois é uma atitude receptiva
  • Demonstrar interesse verdadeiro pelas pessoas
  • Identificar afinidades
  • Celebrar a diversidade